Afirmação da diretora do Sindisaude Passo Fundo, Terezinha Perissinotto, evidencia a situação dos trabalhadores/as da saúde como: sobrecarga de trabalho, baixos salários e péssimas condições estruturais. A colocação foi feita durante um encontro virtual promovido pela Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (FEESSERS), nesta terça-feira, 18. A atividade reuniu representantes de hospitais filantrópicos e representantes de sindicatos da categoria para debater a situação dos trabalhadores da saúde e buscar alternativas em conjunto para o custeio dos hospitais.
O objetivo segundo a FEESERS foi ouvir os dirigentes sindicais regionais, para que apresentem suas dificuldades durante e pós pandemia e a importância de construir projetos de redução da jornada de trabalho e de aprovação do piso nacional e ao mesmo tempo ouvir os dirigentes patronais.
Em sua fala a diretora do Sindisaude PF, Terezinha Perissinotto esclareceu as dificuldades das trabalhadoras/es da saúde, especialmente aqueles que não são da enfermagem. “Os demais trabalhadores/as que fazem parte importante nessa engrenagem precisam ser reconhecidos e valorizados, não há como substituí-los nos hospitais. Recebemos cotidianamente reclamações pela situação de vida durante a pandemia que vivenciamos aqui em Passo Fundo e que não é diferente em outras cidades. Os pedidos de demissão aumentaram tanto das equipes de apoio quanto da enfermagem e isso se reflete no dia a dia de quem permanece nos hospitais. Os profissionais estão tendo que trabalhar com metade do efetivo e tudo isso somado aos baixos salários (um técnico ganha, no máximo, R$ 2.200), excesso de trabalho, falta de pessoal e de material. Isso não é novidade para ninguém. O drama vivido pelos profissionais neste momento é traumático. Há um grande sofrimento psíquico do profissional que vivencia mortes de colegas, familiares e pacientes diariamente. Entendemos que não tem como continuar com plantões em finais de semana e temos que encontrar uma saída para isto. Dependemos da sensibilidade dos gestores para avançar em salários melhores e mais profissionais para ajudar no trabalho”, desabafou a dirigente, que lembrou da necessidade de ampliação de recursos para os hospitais por parte do governo federal.
Luciney Bhorer, administrador do Hospital de Clínicas de Passo Fundo e 1º vice-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS foi um dos participantes do encontro. Ele enfatizou as dificuldades de gestão que os hospitais vêm enfrentando. “Bons salários dependem de fatores que deem condições para isso, incluindo uma conjuntura nacional. Em um hospital de médio a grande porte 2/3 é SUS e o que recebe de dinheiro é menor do que as despesas em atendimento. Já os convênios firmados representam 2/3, são eles que dão condições de manter os hospitais abertos. Estamos aqui para dizer que não é má vontade dos gestores, mas uma dificuldade econômica geral”, explicou.
Ricardo Englert, diretor financeiro e de planejamento da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e presidente da Federação das Santas Casas, afirmou que é preciso estabelecer uma pauta de discussão com os governos estadual e federal, especialmente no que se refere à manutenção do SUS. “Temos que ir em busca de recursos. Não queremos viver de emendas de custeio. Há uma angústia muito grande no sentido de respostas concretas para enfrentamento do quadro. Estamos aqui porque entendemos que a solução para isso não se esgota num confronto entre trabalhadores e dirigentes dos hospitais. Sabemos que não existe hospital sem os trabalhadores. Estamos aqui para construirmos uma pauta conjunta”, disse.
Milton Kempfer, presidente da FEESSERS, ressaltou que o ideal seria que os hospitais filantrópicos tivessem sua despesa orçada e que os custeios fossem livres da necessidade de prestação de serviço. “Os recursos existem, temos notícia de safra recorde, exportações crescendo, entre outros fatores. Temos que nos unir para cobrar a destinação de recursos para a saúde”. Milton lembra que houve conquistas a partir de movimentos como o que buscou ampliar o teto do Estado. “Conseguimos melhorar a ajuda de custeio para os hospitais filantrópicos, o que representou muitas melhorias aos trabalhadores. Nossa expectativa é que a partir desta plenária possamos estar construindo um plano conjunto que objetive mais qualidade de vida para os trabalhadores e melhor atendimento para a população. Os representantes patronais e os dirigentes sindicais convergem em seu desejo de qualidade de atendimento e mais valorização aos trabalhadores e trabalhadoras”.
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